sexta-feira, 22 de julho de 2011

Expedição Machu Picchu - Downhill pela estrada da morte!

"Eu vi a cara da morte e ela tava viva"... Não vejo melhor definição para nosso "passeio" pela estrada da morte! Atualmente, a estrada dos Yungas que liga La Paz a Coroico praticamente serve apenas como via alternativa para carros, caminhões e ônibus. A maior parte de seu movimento é de loucos aventureiros em bicicletas à procura de fortes emoções! Existem diversas empresas que oferecem o programa. Escolhemos a Gravity (www.gravitybolivia.com), que é a mais cara de todas, apenas pelo fato de possuir os melhores equipamentos! Não oferece nada a mais em relação às outras e quando falo de equipamentos, falo exclusivamente sobre a qualidade das bicicletas. Isso pode fazer a diferença... Começamos cedo nosso dia no café Alexander, ponto de encontro da Gravity. Entramos no ônibus da empresa e seguimos em direção à La Cumbre, local onde começaríamos nosso downhill. A viagem leva em torno de 1 hora e durante o trajeto recebemos as primeiras informações e o equipamento de segurança para a descida (capacetes, luvas, casacos, colete refletor, calça, óculos...). Nosso guia principal foi o John, um neozelandês bem tranquilo, e Javier, um boliviano que seria responsável pelas fotos do grupo. La Cumbre é um espetáculo à parte! Tiramos fotos fantásticas! Infelizmente, elas não me pertencem mais... Cada um recebe sua bicicleta personalizada. A minha era do Barney, não o amigo do Fred e sim o Barney roxo! Quem tem filhos pequenos sabe de quem estou falando... Ficamos um tempo por lá para testar os freios e demais ajustes! Ah os freios! Ninguém quer que eles falhem num trajeto de 64 km, onde a maior parte é de descida, né? Mais uma vez recebemos instruções e fizemos um ritual onde jogávamos uma espécie de cachaça nas bicicletas e bebíamos um pouco (até agora tenho a impressão que era álcool puro).




O primeiro trecho é feito pela pista nova em asfalto. Pode parecer muito tranquilo, mas uma queda em alta velocidade e em meio a carros e caminhões não deve ser muito agradável... O Jean, que já tem experiência nesse tipo de programa, afinal fez parte da equipe suiça de ciclismo, foi o líder durante todo período! Em alguns momento deu trabalho para o Javier que ficou meio bravo por ter sido ultrapassado! O Jean fala que não percebeu que havia passado por ele. Vamos dar um voto de confiança! Nesse primeiro momento tivemos que ultrapassar alguns caminhões, fomos ultrapassados por carros, encontramos outros grupos de ciclistas e curtimos paisagens belíssimas. Mas ainda não parecia que estávamos fazendo algo realmente perigoso! Não perdíamos por esperar...



Após uma longa descida, paramos num local onde deveríamos pagar uma tarifa para seguir pela estrada. Foram 25 bolivianos. Tenham sempre o dinheiro certo pela dificuldade de troco que pode existir. Subimos mais uma vez no ônibus até chegarmos na estrada da morte propriamente dita!


Recebemos as últimas intruções e partimos. O que mais nos chamou a atenção foi o fato de que se encontrássemos carros ou caminhões, deveríamos ficar sempre à esquerda, ou seja, do lado do precipício... Surreal! O local onde começamos mais uma vez era bem tranquilo e nem parecia que havia tanto perigo realmente. De repente, s vegetação se abre um pouco e surge um imenso buraco ao meu lado! Tremi nas bases e confesso que pensei em parar na hora! Era uma coisa quase mais forte que minha vontade de adrenalina... Quase! Após a primeira parada e mais acostumado com a loucura que era aquilo, acelerei minha bike e tentei sem sucesso ficar o mais próximo do Jean. O cara realmente tem habilidade ou apenas lhe faltava juízo... Nesse momento tivemos a primeira desistência. Uma canadense que não quis arriscar. Foi no ônibus até quase o final.





E a descida seguia! É uma adrenalina que não dá para explicar! A velocidade que se pega é considerável e é preciso muito cuidado com os freios. A estrada é cheia de pedrinhas e as derrapagens são fáceis. Nosso sensível guia nos contou que os acidentes não são incomuns e há 2 semanas uma japonesa teve problemas com os freios e passou direto numa dessas curvas... Pelas fotos podem perceber que não há muito o que se fazer. Mais uma vez falo sobre a necessidade de contratar uma empresa séria. A Gravity não é a única, mas não queiram economizar numa coisa dessas! Há muitas cruzes pelo caminho, mas acredito que a maioria seja do tempo em que a estrada servia como via principal.




À medida que descemos a temperatura vai subindo (fazia em torno de 4 graus lá em cima). A vontade era estar apenas de bermuda! Ainda bem que tinha levado a minha. Acredito que fazia algo como 30 graus!


Nossa chegada foi num local chamada La Senda Verde, onde fomos recebidos com cerveja! Não poderia haver melhor recompensa! Cheguei bastante cansado! Realmente acabado! Para delírio do Joalbo que tinha comido minha poeira durante todo o trajeto, ele chegou na minha frente! Se eu não falasse isso, tenho certeza que ele ficaria chateado! Brincadeira, hein Jon? La Senda Verde é um local de proteção ambiental com diversos animais soltos. O engraçado é que só pensávamos em descansar, comer e beber mais algumas cervejas enquanto os canadenses e ingleses falavam e fotografavam o tempo todo: Monkey, Monkey! A comida não era das melhores, mas dava pro gasto. Hora de voltar. Pela estrada da morte! De ônibus! Chovendo e com neblina! Posso afirmar com toda certeza que aí sim foi algo aterrorizante! O motorista conversava e gesticulava o tempo todo! Os precipícios! Foram 2 horas e meia de tensão até visualizarmos La Paz! Aconselho fortemente o downhill, mas é preciso muito cuidado! A coisa realmente é perigosa! Vá no seu ritmo, os guias acompanham. "Eu vi a cara da morte e ela tava viva..."

2 comentários:

  1. Aquela foto q mostra os ciclistas na beira de um penhasco e do outro lado um ônibus é de tirar o folego ... Dr.Claudio tenho a dizer que ... adrenalina é "viciante" ... só fico imaginando as próximas aventuras !!!! bj.

    ResponderExcluir
  2. Beth, realmente é de tirar o fôlego! Literalmente! É uma mistura de medo e adrenalina inexplicáveis!

    ResponderExcluir