sexta-feira, 8 de julho de 2011

Expedição Machu Picchu - dirigindo na Bolívia

Descemos em Santa Cruz de la Sierra por um único motivo: passagem comprada com milhas smiles. Não tínhamos o menor interesse de passar algum tempo na cidade. O plano era partir o mais breve possível direto para La Paz e para alcançar esse objetivo teríamos 3 opções: encarar uma viagem de ônibus com duração de aproximadamente 17 horas, voo pela Aerosur que sairia bem mais caro, mas com muito mais conforto, e por último, alugar um carro e enfrentar a loucura de dirigir as mesmas 17 horas do ônibus, mas tendo que confiar apenas no próprio taco. A decisão foi unânime! Conseguimos alugar um 4x4 na agência Across. O valor foi bem mais atraente que na Avis, porém ficamos com um carro "alguns aninhos" mais velho. Logicamente, pedimos um GPS. Traçamos o plano: dirigir até Cochabamba, onde passaríamos a noite, e no dia seguinte partir logo cedo para La Paz, onde deixaríamos o carro logo na chegada. Baseado na nossa experiência tenho 3 lições a ensinar de como se dirigir na Bolívia:
- Lição 1: esqueça todas a regras aprendidas até então;
- Lição 2: buzine o máximo que puder e sem a menor razão e
- Lição 3: relembre todas as orações que tiver aprendido!
Pode parecer exagero, mas podem acreditar que a coisa é tensa! As estradas no geral são bem conservadas, mas o que se vê de imprudência é algo inacreditável. Ultrapassagens surreais, motos com crianças dirigindo e sem capacete, pedestres abusados... Escolha uma infração e ela estara lá! Em dado momento conversávamos sobre isso e eis que cruza à nossa frente uma moto com uma família inteira! Se não fosse o reflexo do Jean e a perícia do motoqueiro, faríamos parte da estatística do lugar... Não sei se a chamam assim, mas é a verdadeira estrada da morte! Nunca vimos tantas cruzes à beira da estrada...



No caminho há inúmeros postos de pedágio. O valor é sempre baixo, porém realmente existem muitos e é difícil de entender a cobrança. Descobrimos que sempre se deve dizer até onde deseja ir (La Paz no nosso caso). Eles fazem uma cara de "ahh" e cobram um pouco mais caro do que o inicial. Daí você vai apresentando esse boleto em todos os postos que passar e eles vão carimbando sem a necessidade de pagamento adicional. Em determinado momento eles fazem a cara de "ahh" novamente e te cobram um novo valor, sempre diferente do anterior e por aí vai... O máximo que pagamos foram 10 bolivianos e conseguimos passar por uns 4 postos (lembrando que atualmente 1 real equivale a aproximadamente 4 bolivianos). Uma das coisas fantásticas de viajar de carro pela Bolívia é o preço da gasolina. Pasmem! Um litro sai a menos de 1 real! Eu gostaria de saber quantos barris de petróleo a Bolívia produz por dia...
Na hora do almoço, começamos a entrar em contato com a culinária típica da Bolívia: pollo (frango)! Existe uma infinidade de variações, sempre respeitando a presença de pollo, batatas e arroz! Nossa iniciação foi com um pollo chino no meio do nada! Tudo muito barato!
Fora os perigos da estrada, passamos por locais realmente encantadores. Paisagens deslumbrantes e de tirar o fôlego. O cenário vai mudando com a subida. De cidades que lembram as do nordeste brasileiro passamos a florestas que lembram as nossas até chegar na paisagem andina. O caminho até Cochabamba é o pior. A cidade é grande e não chamou nossa atenção. Eu estava dirigindo e na nossa procura pelo hotel acabei entrando na orientação do meu copiloto Jean num sentido proibido. Demos de cara com a polícia! Parei o carro e perguntei como fazia para sair dali! Sem conversa. Parecia música do Legião Urbana: sai do carro garoto! Pô a gente nem fuma nem nada... Tive que explicar no meu portunhol sofrível que a gente tinha acabado de chegar e blá blá blá... Depois de passar pela avaliação de uns 5 policiais fui liberado com a promessa de que seria a última vez! Conselho: não percam seu salvo conduto (aquele papelzinho verde que te dão na entrada do país) de maneira nenhuma!!!! Depois dessa confusão e de enfrentarmos um engarrafamento interminável, paramos no primeiro hotel que encontramos. Se é que dá para chamar aquilo de hotel, mas também exigir de um lugar onde pagamos menos de 10 reais por pessoa é demais, né? Nem vou fazer mais comentários sobre ele... Jantamos um excelente pollo à milanesa! No dia seguinte acordamos cedinho e fomos à La Paz. Estrada mais tranquila, visuais mais impressionantes e cada vez mais alto...



Na chegada entregamos o carro e descobrimos que havia a festa do Gran Poder acontecendo em frente ao nosso hotel. O que no início gerou alguma satisfação de poder participar de tal acontecimento foi se tornando uma tormenta com o passar das horas, mas isso são cenas dos próximos capítulos...

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