- Lição 1: esqueça todas a regras aprendidas até então;
- Lição 2: buzine o máximo que puder e sem a menor razão e
- Lição 3: relembre todas as orações que tiver aprendido!
Pode parecer exagero, mas podem acreditar que a coisa é tensa! As estradas no geral são bem conservadas, mas o que se vê de imprudência é algo inacreditável. Ultrapassagens surreais, motos com crianças dirigindo e sem capacete, pedestres abusados... Escolha uma infração e ela estara lá! Em dado momento conversávamos sobre isso e eis que cruza à nossa frente uma moto com uma família inteira! Se não fosse o reflexo do Jean e a perícia do motoqueiro, faríamos parte da estatística do lugar... Não sei se a chamam assim, mas é a verdadeira estrada da morte! Nunca vimos tantas cruzes à beira da estrada...
No caminho há inúmeros postos de pedágio. O valor é sempre baixo, porém realmente existem muitos e é difícil de entender a cobrança. Descobrimos que sempre se deve dizer até onde deseja ir (La Paz no nosso caso). Eles fazem uma cara de "ahh" e cobram um pouco mais caro do que o inicial. Daí você vai apresentando esse boleto em todos os postos que passar e eles vão carimbando sem a necessidade de pagamento adicional. Em determinado momento eles fazem a cara de "ahh" novamente e te cobram um novo valor, sempre diferente do anterior e por aí vai... O máximo que pagamos foram 10 bolivianos e conseguimos passar por uns 4 postos (lembrando que atualmente 1 real equivale a aproximadamente 4 bolivianos). Uma das coisas fantásticas de viajar de carro pela Bolívia é o preço da gasolina. Pasmem! Um litro sai a menos de 1 real! Eu gostaria de saber quantos barris de petróleo a Bolívia produz por dia...
Na hora do almoço, começamos a entrar em contato com a culinária típica da Bolívia: pollo (frango)! Existe uma infinidade de variações, sempre respeitando a presença de pollo, batatas e arroz! Nossa iniciação foi com um pollo chino no meio do nada! Tudo muito barato!
Fora os perigos da estrada, passamos por locais realmente encantadores. Paisagens deslumbrantes e de tirar o fôlego. O cenário vai mudando com a subida. De cidades que lembram as do nordeste brasileiro passamos a florestas que lembram as nossas até chegar na paisagem andina. O caminho até Cochabamba é o pior. A cidade é grande e não chamou nossa atenção. Eu estava dirigindo e na nossa procura pelo hotel acabei entrando na orientação do meu copiloto Jean num sentido proibido. Demos de cara com a polícia! Parei o carro e perguntei como fazia para sair dali! Sem conversa. Parecia música do Legião Urbana: sai do carro garoto! Pô a gente nem fuma nem nada... Tive que explicar no meu portunhol sofrível que a gente tinha acabado de chegar e blá blá blá... Depois de passar pela avaliação de uns 5 policiais fui liberado com a promessa de que seria a última vez! Conselho: não percam seu salvo conduto (aquele papelzinho verde que te dão na entrada do país) de maneira nenhuma!!!! Depois dessa confusão e de enfrentarmos um engarrafamento interminável, paramos no primeiro hotel que encontramos. Se é que dá para chamar aquilo de hotel, mas também exigir de um lugar onde pagamos menos de 10 reais por pessoa é demais, né? Nem vou fazer mais comentários sobre ele... Jantamos um excelente pollo à milanesa! No dia seguinte acordamos cedinho e fomos à La Paz. Estrada mais tranquila, visuais mais impressionantes e cada vez mais alto...
Na chegada entregamos o carro e descobrimos que havia a festa do Gran Poder acontecendo em frente ao nosso hotel. O que no início gerou alguma satisfação de poder participar de tal acontecimento foi se tornando uma tormenta com o passar das horas, mas isso são cenas dos próximos capítulos...
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