terça-feira, 25 de março de 2014

Oriente Médio - desembarcando em Beirute, Líbano!

   Desde que começamos os preparativos de nossa viagem, toda vez que falávamos que iríamos visitar o Líbano a reação era sempre a mesma:
- Líbano? Mas o que vocês vão fazer por lá? Estão loucos? 
   É claro que se pensarmos que a Síria fica bem ali ao lado e a guerra civil no país estava no ápice da confusão naquele momento, dava até para entender o questionamento, mas tenho a impressão que muito desse sentimento estava enraizado nas pessoas desde que o Líbano foi um dos protagonistas de uma das guerras mais violentas e duradouras em tempos recentes... Pra falar a verdade, até bem pouco tempo eu também tinha certo preconceito e só foi após a leitura de 2 outros blogs de viagens que minhas idéias começaram a mudar, são eles o Dry Everywhere da Adriana Miller (drieverywhere.net) e o Viaggiomondo da Fê Costta (http://www.viaggio-mondo.com). E foi justamente nesses 2 blogs que pegamos o contato de um cara que faria toda a diferença em nossa passagem pelo país, o Hussein Abdallah (www.lebanontours.weebly.com). Entramos em contato durante os preparativos no Brasil. A resposta sempre foi rápida e deixamos agendados 2 dias de passeios e o translado do aeroporto ao hotel.  
   No nosso voo entre a Jordânia e o Líbano confesso que pensei diversas vezes se tínhamos realmente tomado a decisão certa, afinal 2 mísseis tinham atingido Beirute, mas foi só a cidade aparecer pela janela do avião que esses pensamentos foram ficando para trás. Ao sobrevoar a Jordânia e Israel apenas cor de terra, deserto... O Líbano se mostrava verde, colorido, alegre... 
   A passagem pela alfândega não foi muito fácil. Não entendemos direito se era necessário pagar alguma taxa e qual fila deveríamos pegar. Após uma longa espera, era chegada nossa vez. O Joalbo passou fácil, mas eu e o Thomas fomos encaminhados para outro balcão. Vai entender! A funcionária que nos atendeu nos falou que o outro carinha deveria estar com preguiça, pois ele mesmo poderia ter feito. É bom lembrar que se você tiver o carimbo de Israel no passaporte, nada feito. Na saída lá estava o Hussein com a plaquinha. Alívio imediato! 
   Trânsito pesado até o hotel. Não deve nada aos congestionamentos da grande São Paulo. Pelo caminho foi ele nos dando algumas explicações e possibilidades de roteiro. Disse que o único lugar que não aconselhava ir era Tripoli. Ok, recomendação aceita! 
   Em certo ponto, já próximo ao hotel começamos a ver prédios com marcas de tiros da época da guerra civil. Uma loucura que durou de 1975 a 1990. A maior parte da cidade foi restaurada, mas alguns prédios foram deixados, talvez para servir de exemplo para que não se cometa os mesmos erros...



Chegamos ao hotel (não me recordo o nome) que ficava no bairro de Hamra, um lugar cheio de bares, restaurantes, faculdades e gente nas ruas. Combinamos com o Hussein o passeio para o dia seguinte e ele nos deu algumas dicas para passarmos a tarde. Uma coisa interessante do Líbano é que o dólar americano é aceito como moeda corrente e nem precisa se preocupar em trocar dinheiro. O câmbio é fixo. Você paga em dólar e recebe o troco em libras libanesas, sem precisar ficar fazendo cálculo para saber se o câmbio está justo ou não. Comemos alguma coisa ali por perto mesmo. Acho que fomos os únicos que não experimentamos o narguilé (ou shisha), era fumaça pra todo o lado. O lugar era bem moderno e cheio de camuflagens por cima de nossas cabeças. Decoração ou proteção?


   Após o almoço, saimos para dar uma volta pela Corniche. Logo que iniciamos o passeio fomos abordados por um grupo de crianças que queria engraxar nossos tênis! Com a negativa, pediram dinheiro pois estavam com fome, aí eram crianças sírias orfãs e por fim começaram a fingir que choravam (mas fingir da maneira mais falsa possível) e rir das nossas caras de assustados. Só nos deixaram em paz após uma intervenção um pouco mais rude de nossa parte... Alguma semelhança? Andamos até as Pingeons Rocks e sentamos para tomar umas cervejas e curtir o pôr do sol. Voltamos para o hotel por entre barricadas, baterias anti-aéreas, tanques e soldados... Dia seguinte tínhamos agenda cheia: Jeita Grotto, Byblos e Harissa.






sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Oriente Médio - Aqaba, nossa porta de saída

Após tomarmos o café da manhã em nosso acampamento, partimos rumo à Aqaba onde passaríamos a última noite em terras jordanianas. A cidade fica à beira do mar vermelho, que é um grande point para os amantes do mergulho. A viagem desde o deserto foi super tranquila e a estrada excelente (bem diferente das que estamos acostumados por aqui). Ao chegarmos  nas proximidades da cidade, pudemos avistar, logo ali ao lado, Eilat (Israel) e um pouco mais ao longe Taba (Egito). Os países mantêm relações diplomáticas, mas conhecendo um pouco de toda a tensão que rola por lá, dá pra imaginar que tudo pode mudar em pouco tempo...


Não tínhamos muitas intenções turísticas em Aqaba, ela serviria apenas de ponto de partida rumo ao Líbano, uma vez que seu aeroporto ficava mais próximo do deserto de Wadi Rum. E por falar em Líbano, esse era um ponto que ainda precisávamos decidir. Alguns dias antes, caíram alguns mísseis, vindos de não se sabe onde, num área da cidade de Beirute controlada pelo Hezbollah. Tínhamos 2 opções: seguir com o plano inicial e embarcar no dia seguinte rumo à Beirute ou colocarmos em prática o plano B, atravessar por terra para Israel e de lá seguir viagem para a Turquia. Acompanhamos todos os noticiários possíveis e como o clima parecia estar tranquilo (dentro das possibilidades da região), decidimos manter o plano original.
Aqaba é uma cidade bonita e bem agradável apesar do calor sufocante. Caminhamos pela orla urbana, mas descobrimos que os locais mais bonitos são afastados da cidade, onde existem clubes de praia com toda infraestrutura. Acabamos ficando apenas pela parte urbana. No final da tarde sentamos num café para tomarmos algo refrescante (e não alcoólico) ao som do chamado para a oração.




À noite jantamos num restaurante de comida típica... da Índia! Estão achando estranho? Experimentem comer hommus no café da manhã, almoço, lanche e jantar... Lá conseguimos tomar umas cervejas (realmente uma dificuldade no país) e voltamos ao hotel. Na manhã seguinte embarcamos rumo ao Líbano. Posso dizer que a Jordânia realmente é um país de pessoas muito acolhedoras, simpáticas, que falam um bom inglês e que em nenhum momento ficaram tentando arrancar nosso dinheiro. 
Durante o nosso voo no Embraer 190 da Royal Jordanian, restava contemplar o deserto que deixávamos para trás e torcer para que a sorte estivesse ao nosso lado no Líbano…


domingo, 24 de novembro de 2013

Oriente Médio - Wadi Rum, o deserto jordaniano

Quando decidimos que visitaríamos a Jordânia, tanto quanto visitar Petra, queríamos passar uma noite no deserto. Não fizemos nenhum tipo de reserva antecipada e apenas acertamos o passeio na véspera durante nosso Happy Hour após visita à Petra. Seria um tour exclusivo (apenas nós 3), incluindo guia, hospedagem noturna, jantar, café da manhã e transporte até Aqaba de onde partiríamos para o Líbano. O valor foi algo em torno de 50 dinares jordanianos por pessoa. No dia seguinte nosso guia Audh apareceu perto da hora do almoço para começarmos a aventura. O trajeto até a entrada do deserto leva em torno de 1 hora e fomos ao som de músicas típicas jordanianas cantadas pelo nosso guia. Audh parou numa lojinha pequena onde faríamos o almoço. Pão, sardinha, hommus, tomates, cebolas, coalhada e muito azeite. Sentamos em caixas e comemos com as mãos. Muito barato e delicioso!



O passeio foi bastante interessante, passamos por diversas formações rochosas curiosas, paisagens incríveis e tendas de apoio onde sempre era oferecido café, chá e muitas moscas... O acampamento tinha uma estrutura legal, mas estava completamente vazio e acredito que isso prejudicou muito nossa experiência. Nada de carneiro ou músicas. Visitamos um acampamento vizinho que estava um pouco mais animado. No meio da noite faz um frio considerável, mas nas tendas há cobertores bem quentes. O ponto alto foi o pôr do sol que assistimos da montanha vizinha. Achei que valeu a pena o passeio, mas vou deixar as imagens para que cada um tome sua própria decisão... Recomendo fortemente o Audh Al-hasanat como guia (e cantor tb). O contato é a.desertwolf@gmail.com.
















quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Oriente Médio - Petra, a penúltima cruzada jordaniana

Acordamos para nosso último café da manhã em Amã e advinhem: hommus, tomate, ovo, pepino, queijo feta salgado... Excelente, mas não é fácil para todos os dias! Pontualmente nossa van já estava a nos esperar. Nós 3 e mais 3 inglesas falantes. O motorista era um cara super culto, de boa conversa e principalmente boa direção. Desculpem, mas realmente não lembro o nome dele, mas deveria ser Mohamed, Ahmed ou Hussein, o que de qualquer forma não ajudaria muito. Parece que todos os homens são batizados com um desses nomes... Existem duas estradas para Petra: a antiga estrada do Rei e a nova estrada do Rei. A primeira parece ser interessante para quem tem tempo. Paisagens mais bonitas, bom mirantes... Como tínhamos um tempo relativamente curto, escolhemos a que iria direto ao ponto, sem rodeios. O trajeto levaria em torno de 3 horas. Estrada boa, praticamente uma reta. Fizemos uma parada bem no meio do caminho para bebidas (nada alcoólico como de costume na Jordânia) e lanche. Estávamos bebendo alguma coisa enquanto conversávamos com o motorista e percebemos muitas armadilhas para moscas, sabem aquelas tipo uma cola? No meio do deserto a quase 40 graus, existiriam moscas? A resposta viria em breve... Falamos que estávamos preocupados com algumas bombas que tinham caído em Beirute e na hora a cara dele se fechou: o Líbano não é um bom lugar, não é um local seguro! Seria a hora de por em prática o plano B? Voltamos para o carro. Lembram das armadilhas de moscas? Ao entrarmos na van, tinha tanta mosca que nem dava para falar nada! Ouvimos o motorista falando entrem no carro rápido e abram as janelas! Foram uns 15 minutos tensos em que cheguei a acreditar que seria carregado por elas para fora do carro! E se querem saber mais, todas as janelas e portas da van haviam ficado trancadas!!!
Finalmente chegamos em Wadi Musa que é a cidade em torno de Petra. É uma cidade sem grande atrativos. Tínhamos reservado um hotel (Petra Guest House) baratinho e que parecia próximo à entrada para o sítio arqueológico. Para nossa surpresa era um mega hotel e ficava bem na entrada de Petra, o que é muito importante quando se sabe o quanto se anda lá dentro...




Depois de devidamente alojados, partimos para a visita. A entrada não é nada barata, sai 50 dinares jordanianos para 1 dia e aumenta apenas um pouco se quiser para 2 ou 3 dias. Então fica a dica: se desejar passear por lá mais de 1 dia, compre logo o ingresso para os dias certos é economia importante. Para quem não está hospedado (bate e volta desde Israel) o valor é mais salgado, 90 JD. Lembrando que o dinar jordaniano está valendo mais que o euro. Preparem-se para andar! Além de longas distâncias o calor é terrível e existem muitas subidas e caminhos acidentados. Se achar que não dá conta pode contar com os burros, cavalos, camelos, charretes... Fomos caminhando mesmo. Muitas construções vão aparecendo. Os Nabateus foram os responsáveis pela construção de Petra. Entre grandes conhecimentos de engenharia, tinham o domínio sobre maneiras de transporte e armazenamento de água.



O sol deu uma pequena trégua quando entramos no Siq que é um corredor de pedras que nos levaria até o tesouro, que todos esperam ver quando pensam em Petra e que foi tão divulgado no Filme Indiana Jones e a última cruzada. E quando avistamos, realmente percebemos o motivo de tanta expectativa. Vejam em algumas fotos os dutos laterais que seriam por onde a água escorreria até a cidade.








A partir desse ponto a caminhada se torna muito mais cansativa. A cidade é enorme e para os que se aventuram até o final existe a vantagem de sobrarem poucos corajosos para atrapalhar as fotos. O último e também bastante imponente e visitado monumento é o monastério. Visitamos tudo em aproximadamente 5 horas. Nosso esquema era de ir andando, tirando fotos, descansando e seguir andando. Para os que gostam de saber cada detalhe de cada pedra de cada monumento, recomendo pelo menos 2 dias de passeio, lembrando que a entrada é sempre a mesma e para chegar ao monastério vai ter que passar por todos os outros novamente... Existem diversos locais que vendem lanches e bebidas (comemos chocolate Twix e suco de laranja), mas é bem mais caro como era de se esperar. Melhor levar tudo comprado fora. Após o monastério há várias placas indicando the best view, escolha uma (escolhemos a more than the best) e aprecie belos cânions... Hora de voltar. Descer sempre é mais fácil (inclusive para lesões de joelho é bom lembrar). Rever o tesouro e fazer a saída triunfal pelo Siq.






Chegamos ao hotel e após 3 dias sem bebidas alcoólicas, conseguimos beber uma cerveja!!! Uma não, 4! Só não perguntem o preço porque é quase proibitivo... O hotel tem uma área externa bastante agradável, com wifi e bebidas. Durante nosso Happy Hour conseguimos agendar nosso passeio do dia seguinte que seria o deserto de Wadi Rum. Nossas caras antes e depois dos chopps expressam bem como foi nosso dia... Exaustos, mas felizes! Que venha o deserto...






sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Oriente Médio - Mar Morto

Acordamos cedo para tomarmos o café árabe antes do início de nossa viagem. Um dos melhores hommus sem dúvida! Pão, labneh (nossa coalhada), queijo feta, geléia, pimentão e os onipresentes tomate e pepino. Sem dúvida bastante diferente dos nossos hábitos matinais.



Terminado nosso café da manhã, a van já estava à espera. Ao todo seríamos 7, nós 3, uma brasileira, um inglês e duas taiuanesas. Nosso motorista era simpático e falava bem o inglês. A primeira parada foi Madaba. A cidade é famosa por seus mosaicos bizantinos, em especial o Mapa de Madaba que cobre o piso da igreja de São Jorge. Um terço de sua população é cristã grego-ortodoxa. Não há muito para se ver, mas a parada na cidade foi fundamental para o resto do dia, pois seguindo o conselho do nosso motorista, compramos o almoço por um preço bem acessível. No decorrer do dia encontraríamos apenas opções bem mais caras (e a Jordânia é um país bem caro, afinal um dinar jordaniano vale mais que o euro). Compramos Shawarma de frango com legumes e batatas fritas. A refeição vem em quentinhas que podem ser facilmente guardadas até a hora do almoço.







Nossa próxima parada foi a típica tourist trap, que diferente da maioria das vezes tinha um atrativo até que interessante. Primeiro entramos no local onde está sendo confeccionado o maior mosaico do mundo que retrata a estrada do Rei. Pudemos colar uma pedrinha com nosso nome e nacionalidade. Uma contribuição era sugerida, porém sem nenhum obrigação ou cara feia. Fizemos nossa doação voluntária.


Após o mosaico, passamos por um local com várias cenas da vida cotidiana dos jordanianos, tipos de habitações, histórias bíblicas e vestuário. Quando saímos, a armadilha, lojinha de mosaicos e tudo mais que se possa imaginar. Bom, faz parte de qualquer excursão passar por essas...


Mais alguns minutos de viagem e chegamos ao Monte Nebo, de onde supostamente Moisés avistou a Terra Prometida. Seria também o lugar onde teria sido enterrado. O que mais chama a atenção são as vistas que temos lá de cima. Existe um mapa que aponta a localização de muitas cidades, incluindo Jerusalém, porém Jericó é a única que se consegue enxergar, porém bem ao longe. Foi de lá que conseguimos ver o Mar Morto pela primeira vez, uma pontinha é verdade.





Antes de chegarmos ao Mar Morto, nosso motorista nos levou a um mirante com vistas maravilhosas. Há um restaurante no local, mas os preços são bem inflacionados, ainda bem que tínhamos sido avisados. Saboreamos nosso almoço antes de sairmos do Monte Nebo e a comida estava muito boa. Quando estava na hora de partirmos para o Mar Morto, dois companheiros de viagem resolveram pedir alguma coisa para comer. As taiuanesas ficaram revoltadas e reclamaram com o motorista que se apressou em avisá-los. O problemas é que estávamos bem em frente a eles e ficaram nos olhando, pedindo desculpas e quase engolindo sem mastigar. Mas o quê? Não fomos nós, somos legais. Não adiantou argumentar, o inglês pediu desculpa até o final...




Agora sim! Rumo ao Mar Morto. Existem diversos hotéis e resorts do lado Jordaniano e alguns clubes de praia como o que ficamos. A entrada custa 18 dinares jordanianos e dá direito ao banho no mar, lama negra à vontade e piscinas. Tem toda a infraestrutura de banheiros, restaurante, aluguel de toalhas e lojinha de conveniências. Enquanto trocávamos de roupa e passávamos protetor solar, o responsável pelo vestiário se aproximou com um um grande sorriso e começou a espalhar o protetor pelas costas do Thomas, que inicialmente achou estranho, mas enfim relaxou e saiu mais protegido que todos. Não sabemos se é um hábito local ou se ele gostou do Thomas mesmo... Brincadeiras à parte e sem nenhum preconceito, o povo jordaniano realmente é muito receptivo, simpático, atencioso e geralmente não espera nada em troca. Ao entrar no mar temos que ser cuidadosos devido à quantidade de pedras de sal. Outros cuidados são necessário como não mergulhar, não ficar muito tempo, não se afastar da margem... Acredite, siga atentamente essas recomendações, a quantidade de sal é impressionante e uma gota no seu olho vai fazer se arrepender profundamente. Após alguns minutos de flutuação dispensamos a lama e voltamos à piscina. Agora era aproveitar para acabar com aquele calor sufocante.










Quando estávamos prontos para retornar a Amã, onde estão as taiuanesas? Ficamos um bom tempo à espera, tenho certeza que se vingaram... Voltamos ao hotel e agendamos nosso transporte à Petra. Nossa cruzada estava apenas começando...