Decidi mais uma vez seguir meu ritmo. Não demorou para que eu estivesse praticamente isolado. Apenas o guia Reynaldo me seguia de longe. Minhas pernas pareciam pesar 1 tonelada! Lembrei de minha câmera roubada e cheguei a sentir um certo grau de felicidade por isso... Não seria nada fácil carregá-la junto com o tripé e mais uma tele-objetiva! Minha mochila já devia estar com uns 10 kg só de roupas, água e outras coisinhas a mais... Se a dureza do percurso é imensa, o mesmo se pode falar da beleza da paisagem!
Chegamos a uma área mais descampada e fizemos nosso primeiro descanso. A esta altura eu já me aproximava do grupo, não sei se mais acostumado com o esforço ou se pelo cansaço dos demais. Estávamos a 4.100 metros! A placa original indicava um pouco menos, mas isso foi largamente contestado pelos guias e por outros viajantes que passaram por ali antes.
Após merecido descanso, partimos para mais uma etapa. Por onde será que andariam os cavaleiros do grupo? A partir desse momento, consegui ficar bem próximo ao pelotão de elite até o final. Seguiríamos pelo lado esquerdo de Salkantay (montanha selvagem em Quéchua). Teríamos que passar por um trecho que se chama 7 voltas. Promessa de mais dureza! Pelo lado direito também existe uma trilha que leva até Machu Picchu, leva 7 dias e 6 noites e é um pouco mais pesada. Alguém se habilita? As 7 voltas são de matar e nesse momento conseguimos avistar pela primeira vez os cavaleiros Chiryhuayras!!! Vinham numa espécie de procissão, um atrás do outro! Como passamos em trechos muito altos e estreitos, imagino que deve dar uma sensação meio estranha... Depois fiquei sabendo de um acidente com uma menina de outro grupo que poderia ter sido bem grave. No final, apenas um susto. Vencemos as 7 voltas e pudemos contemplar toda grandeza de nossa conquista...
No percurso, passaram por nós diversos cavalos que levavam os suprimentos para os acampamentos. Existe um limite de peso para cada animal, mas temos a impressão de que eles estão sempre sobrecarregados!
E quando pensávamos que já havíamos passado pelo mais difícil, surge o trecho final. A grande diferença é que conseguíamos ver o ponto mais alto da trilha e isso dava uma energia adicional. Muitos ficaram para trás... Após 4 horas de caminhada, chegamos ao cume da trilha Salkantay! Vitória! A partir de agora, tudo seria mais fácil!
Fizemos um pequeno ritual para as três montanhas. Juntamos pedras (a minha eu peguei lá em baixo), água e fizemos uma saudação em Quéchua utilizando 3 folhas de coca... Agradecimento por termos chegado em paz e que assim pudéssemos continuar nossa viagem...
Nada de cavalos! A vida do Jean não estava nada fácil. À medida que descíamos o Glenn foi melhorando e entrando no ritmo novamente, mas tentamos acompanhar o Jean apesar de seu protesto! Mais lento que nós, só o Ben... Na descida nossos bastões foram fundamentais! Almoço maravilhoso preparado pelo grande Soldado e seus companheiros. A vegetação mudando, calor chegando, mosquitos atacando...
Já estávamos muito atrás do grupo e o sol estava quase sumindo. Decidimos que seria melhor que o Jean fosse de cavalo. Conseguimos alugar um que voltava... Se não fosse isso acho que não chegaríamos antes do anoitecer. Mais uma vez o Brazilian Team faz sua entrada gloriosa! Parecia o domingo de ramos. Jean no seu cavalinho e um monte de gente atrás acompanhando...
O segundo acampamento tinha uma estrutura infinitamente melhor! Cerveja com músicas da atualidade e jantar à luz de lampião! Nada de lanternas! Para os mais corajosos, banho gelado num clima frio! Apenas 4 pessoas enfrentaram. Não fui um deles...
Dia seguinte teríamos que acordar novamente às 4 da madrugada, mas pelo menos ficava a certeza de uma coisa: o pior já tinha passado...
Eu queria ter visto a cara do chouchou!
ResponderExcluirOlá Claudio,
ResponderExcluirDureza este trecho... Estou revivendo todas as nossas emoções e apuros neste trecho também...
Abs.
Marcia
Márcia, essa realmente foi uma das trilhas mais difíceis de conquistar. A altura faz uma diferença enorme e minhas pernas pareciam pesar algumas toneladas! Mas a sensação de chegar ao topo... Valeu cada segundo de sufoco!
ResponderExcluirAbraço.
Cláudio vou fazer essa trilha em maio com minha esposa. Li no início que levaram sua câmera, essa trilha e realmente segura?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Dourado!
ResponderExcluirA trilha é segura sim, mas sempre é bom ficar atento. Minha câmera foi furtada em La Paz, no início da viagem.
Fica tranquilo e aproveitem! A trilha é muito legal!
Abraço.