quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Expedição Machu Picchu - Trilha Salkantay: 2° dia, chegando ao topo!

Acordamos às 4 da madrugada com nosso guia Oscar e o cozinheiro Soldado batendo em nossas barracas. Tudo escuro lá fora! Chá de coca para começar o dia. Meu companheiro de barraca, o Glenn, não conseguiu dormir bem e ainda sentia os efeitos do Soroche. Não é uma tarefa fácil trocar de roupa numa barraca apertada sob a luz de lanternas... Encontramos o resto do grupo e fomos ao café da manhã. O pé do Jean estava num estado lastimável! Nunca havia visto tanta bolha junta! Seria difícil manter um ritmo pesado de caminhada. O Jon estava apresentando o "mal das águas" (vamos chamar assim para ficar mais estiloso). Resultado: os três decidiram que iriam alugar um cavalo para passar pela parte mais difícil. Eu ainda estava exausto, aliado à desistência de meus companheiros e sabendo da dureza do caminho, fiquei bastante tentado à cavalgar também... Mas, e o objetivo da viagem? Vencer à trilha Salkantay até Machu Picchu... Resolvi seguir caminhando. O australiano Ben, estava com problemas no joelho e se juntou aos meus amigos. Pagaram 80 soles cada. Deixamos o acampamento e partimos para uma jornada que prometia ser um teste ao meu condicionamento... Mais um!


Decidi mais uma vez seguir meu ritmo. Não demorou para que eu estivesse praticamente isolado. Apenas o guia Reynaldo me seguia de longe. Minhas pernas pareciam pesar 1 tonelada! Lembrei de minha câmera roubada e cheguei a sentir um certo grau de felicidade por isso... Não seria nada fácil carregá-la junto com o tripé e mais uma tele-objetiva! Minha mochila já devia estar com uns 10 kg só de roupas, água e outras coisinhas a mais... Se a dureza do percurso é imensa, o mesmo se pode falar da beleza da paisagem!



Chegamos a uma área mais descampada e fizemos nosso primeiro descanso. A esta altura eu já me aproximava do grupo, não sei se mais acostumado com o esforço ou se pelo cansaço dos demais. Estávamos a 4.100 metros! A placa original indicava um pouco menos, mas isso foi largamente contestado pelos guias e por outros viajantes que passaram por ali antes.





Após merecido descanso, partimos para mais uma etapa. Por onde será que andariam os cavaleiros do grupo? A partir desse momento, consegui ficar bem próximo ao pelotão de elite até o final. Seguiríamos pelo lado esquerdo de Salkantay (montanha selvagem em Quéchua). Teríamos que passar por um trecho que se chama 7 voltas. Promessa de mais dureza! Pelo lado direito também existe uma trilha que leva até Machu Picchu, leva 7 dias e 6 noites e é um pouco mais pesada. Alguém se habilita? As 7 voltas são de matar e nesse momento conseguimos avistar pela primeira vez os cavaleiros Chiryhuayras!!! Vinham numa espécie de procissão, um atrás do outro! Como passamos em trechos muito altos e estreitos, imagino que deve dar uma sensação meio estranha... Depois fiquei sabendo de um acidente com uma menina de outro grupo que poderia ter sido bem grave. No final, apenas um susto. Vencemos as 7 voltas e pudemos contemplar toda grandeza de nossa conquista...





Seguimos antes de sermos alcançados pela cavalaria... Chegamos a uma nova área descampada onde faríamos um lanche. Finalmente nossos cavaleiros nos ultrapassaram! Uns felizes por terem economizado energia, outros nem tanto... E talvez justamente por isso, o cavalo do Jean decidiu sair da trilha. Todos gritando: É por aqui! É por aqui! E nada do bicho obedecer (estou falando do cavalo)! Se não fosse a intervenção do Reynaldo, não saberíamos onde o Jean se encontraria nesse momento...








No percurso, passaram por nós diversos cavalos que levavam os suprimentos para os acampamentos. Existe um limite de peso para cada animal, mas temos a impressão de que eles estão sempre sobrecarregados!


E quando pensávamos que já havíamos passado pelo mais difícil, surge o trecho final. A grande diferença é que conseguíamos ver o ponto mais alto da trilha e isso dava uma energia adicional. Muitos ficaram para trás... Após 4 horas de caminhada, chegamos ao cume da trilha Salkantay! Vitória! A partir de agora, tudo seria mais fácil!





Fizemos um pequeno ritual para as três montanhas. Juntamos pedras (a minha eu peguei lá em baixo), água e fizemos uma saudação em Quéchua utilizando 3 folhas de coca... Agradecimento por termos chegado em paz e que assim pudéssemos continuar nossa viagem...




Nada de cavalos! A vida do Jean não estava nada fácil. À medida que descíamos o Glenn foi melhorando e entrando no ritmo novamente, mas tentamos acompanhar o Jean apesar de seu protesto! Mais lento que nós, só o Ben... Na descida nossos bastões foram fundamentais! Almoço maravilhoso preparado pelo grande Soldado e seus companheiros. A vegetação mudando, calor chegando, mosquitos atacando...





Já estávamos muito atrás do grupo e o sol estava quase sumindo. Decidimos que seria melhor que o Jean fosse de cavalo. Conseguimos alugar um que voltava... Se não fosse isso acho que não chegaríamos antes do anoitecer. Mais uma vez o Brazilian Team faz sua entrada gloriosa! Parecia o domingo de ramos. Jean no seu cavalinho e um monte de gente atrás acompanhando...


O segundo acampamento tinha uma estrutura infinitamente melhor! Cerveja com músicas da atualidade e jantar à luz de lampião! Nada de lanternas! Para os mais corajosos, banho gelado num clima frio! Apenas 4 pessoas enfrentaram. Não fui um deles...



Dia seguinte teríamos que acordar novamente às 4 da madrugada, mas pelo menos ficava a certeza de uma coisa: o pior já tinha passado...

6 comentários:

  1. Eu queria ter visto a cara do chouchou!

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  2. Olá Claudio,
    Dureza este trecho... Estou revivendo todas as nossas emoções e apuros neste trecho também...
    Abs.
    Marcia

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  3. Márcia, essa realmente foi uma das trilhas mais difíceis de conquistar. A altura faz uma diferença enorme e minhas pernas pareciam pesar algumas toneladas! Mas a sensação de chegar ao topo... Valeu cada segundo de sufoco!

    Abraço.

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  4. Cláudio vou fazer essa trilha em maio com minha esposa. Li no início que levaram sua câmera, essa trilha e realmente segura?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Olá Dourado!

    A trilha é segura sim, mas sempre é bom ficar atento. Minha câmera foi furtada em La Paz, no início da viagem.
    Fica tranquilo e aproveitem! A trilha é muito legal!

    Abraço.

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