segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Egito - magia e caos do Cairo parte 2

Eram 7h da manhã quando começamos a nos preparar para o dia em que estaríamos a frente de uma história de quase 5.000 anos. As pirâmides do Egito sempre exerceram um fascínio imenso na minha vida. Antes de sairmos, importante checar os itens obrigatórios para o passeio: máquina fotográfica, protetor solar, óculos de sol e muita água. Nosso hotel realmente funcionava como um refúgio de paz e segurança, o que trazia um certa tranquilidade, porém nos blindava contra o ritmo intenso das ruas do Cairo. Sempre acreditei que fazer parte do dia a dia da população local é importante para o aprendizado da viagem, porém o clima pós revolução tirava um pouco dessa possibilidade... Mohamed já nos esperava na rua. Seria nosso motorista pelo dia inteiro. As pirâmides de Gizé ficam na fronteira da cidade com o deserto. O caminho desde nosso hotel levou em torno de 40 minutos. Tráfego não muito intenso, resultado do feriado. Pelo trajeto o mesmo de sempre: vias largas, trânsito desorganizado e casas inacabadas. Mohamed nos contou algumas coisas sobre sua vida. Casado com 2 mulheres, não pelo simples fato de querer ter 2 mulheres. A primeira não teve filhos, casou com a segunda para essa finalidade. Percebemos que o país é mais aberto nas relações com as mulheres, são mais respeitadas, não precisam cobrir o rosto, tem direito a escolhas... Existe um certo romantismo na história toda! Nosso motorista nos aponta numa direção e em meio à poluição que dificulta nossa visão do horizonte, avistamos as silhuetas das pirâmides. Mistura de incredulidade, contemplação, empolgação... Mais um pouco e estaríamos lá. Duas coisas nos preocuparam: baixo policiamento após a primavera árabe e dia de feriado. Preferimos nos aventurar com guia e a cavalo. Não sem muito protesto por parte da Roberta que não é muito chegada à montaria. Para quem não tinha a menor intimidade com os bichinhos, ela se saiu muito bem! Nosso guia Ali foi muito simpático e atencioso. A magia vai dando lugar a uma certa decepção. Como pode um lugar com uma história tão antiga, ser tão descuidado na sua preservação? Fomos atendendo às orientações do Ali e quando percebemos já estávamos em cima da pirâmide de Quéops! Os sinais de desgaste são evidentes. O pior é saber que muitas das pedras foram retiradas para a construção do Museu do Cairo. Torço para que seja apenas uma lenda...










Em certo ponto, descemos dos cavalos e seguimos. É totalmente factível fazer todo o percurso a pé e sem guia. Acabamos vendo as pirâmides de outro ângulo, mas nada que seja tão fantástico assim. Seguindo pelo "caminho oficial" acredito que não haja problemas. Passamos pela esfinge que apesar de ser imponente, não parece tão grande ao vivo.




Mais alguns metros e estávamos de volta ao ponto de partida. Quando nos aproximávamos do local onde encontraríamos Mohamed, o guia Ali veio com a conversa: agora vocês podem me dar um agrado (a famosa Baksheesh). Nada demais se não fosse a certeza de que qualquer quantia seria insuficiente. Alguém duvidou que estávamos certos? Continuamos nosso caminho até o carro. Única maneira de fugir desse tipo de abordagem, ser enfático na negação! Partimos para Memphis e Saqqara. A primeira fica mais distante e de interessante apenas uma grande estátua de Ramsés II e uma outra esfinge, bem menor que a de Gizé. Foi capital do Egito antigo.



Saqqara é a necrópole de Memphis e onde está situada a pirâmide de degraus que serviu para guardar os restos mortais do faraó Djoser e projetada pelo arquiteto Imhotep. É uma pirâmide mais antiga que as de Gizé e seu estado de conservação não é dos melhores. Após conhecer as principais, fica um pouco sem graça, porém tem a enorme vantagem de ser frequentada por um número infinitamente menor de turistas, o que também requer que se tome mais cuidado em relação à segurança.





Na volta ao Cairo fomos direto à estação ferroviária para comprar nossa passagem no trem para turistas (Sleeping Train), todo de primeira classe, com refeições incluídas e cabine para 2 pessoas com beliches. Para turistas não é permitido comprar passagens em qualquer trem. Esse trem custa 60 dólares americanos por pessoa e faz uma viagem noturna chegando logo cedinho em Luxor e seguindo depois para Aswan. Voltamos para o hotel por volta de 16h. Contentamento por ter podido estar diante de monumentos históricos tão importantes (a única das 7 maravilhas do mundo antigo ainda de pé), porém preocupado com o descaso na sua preservação. Espero que o novo governo tome alguma atitude em relação a isso. Se bem que se suportou mais de 4.000 anos, deve ser indestrutível! Dia seguinte teríamos Museu do Cairo, cidadela, Khan el-Khalili e partida para Luxor...

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