domingo, 27 de junho de 2010

Pausa para reflexão

Recentemente relembrei de um fato marcante em minha vida: o time de futebol do colégio. Estudei em uma grande instituição em Maceió, o colégio Marista. Era muito grande e havia um campo de futebol oficial. Todos os anos tínhamos um campeonato com equipes muito bem formadas. Os times eram escolhidos por sorteio de forma a equilibrar o máximo possível. Eu e meus melhores amigos nunca participávamos... Até o primeiro ano do colegial (acho que hoje falam ensino médio). Neste ano decidimos entrar no campeonato, mas não da forma usual e sim formando um time só de amigos, mesmo que fossem os maiores pernas de pau! Era iniciada a saga do time mais perdedor de todos os tempos, o Patriota. Esse nome não foi escolhido por nosso amor incondicional ao país e sim como uma sátira a então Guerra do Golfo onde os mísseis americanos (patriots) detonavam os scuds iraquianos. Coisa de adolescente! Não houve nenhuma revolta com o fato de não entrarmos no sorteio. Durante o ano fomos o saco de pancadas da absoluta maioria dos times. Mas isso não importava, nossos sábados de futebol eram muito alegres e fazíamos uma grande festa após o jogo. Todos jogavam e ninguém se importava em sair do jogo. Além disso, éramos o time preferido de todos do colégio. Nosso primeiro gol foi uma farra! Nunca tinha visto tamanho barulho. Foi num jogo onde o time adversário tinha jogadores a menos e acabamos ganhando por 1 x 0. Grande dia!!! E único também!!! No ano seguinte a história se repetiu, mas desta vez não conseguimos ganhar nada! Até então eu era o artilheiro do time com 2 gols... Em 2 anos! Marca histórica para um centro-avante. Seguíamos nos divertindo e sendo a atração principal das manhãs de sábado. No terceiro ano de existência alguns amigos craques decidiram se juntar a nós. Conseguimos driblar o sorteio e pela primeira vez jogaríamos com camisa numerada. Logo no primeiro jogo, a primeira vitória! Segundo jogo empatamos e conseguimos ganhar nos pênaltis. Seguimos com boa campanha neste ano. Mas a mudança foi bem mais complexa que a diferença entre ganhar ou perder. Íamos para o jogo com fome de vitória e um resultado desfavorável era motivo para mau humor pelo resto do final de semana. As festas já não eram tão frequentes. Nossos amigos menos favorecidos de habilidade já não entravam mais no jogo. Deixaram de comparecer... Já não éramos o time preferido do colégio. No final fomos eliminados nos pênaltis. Quem perdeu a cobrança foi nosso maior craque! Uma frase nunca saiu da minha cabeça: "Jogamos como nunca e no final perdemos como sempre!" Mas desta vez sem alegria...
Frequentemente na vida nos deparamos com situações semelhantes. Cabe a cada um decidir entre ter a felicidade ou ter o poder. Jogar com alegria em busca da vitória mesmo que a derrota seja provável ou jogar contra seu estilo e princípios apenas para conquistar a todo custo uma vitória que nem sempre é certa?

3 comentários:

  1. Engraçado você falar do Patriota: pensei nesse "timinho" ainda hoje. Deve ser o clima da copa... Muito boa a sua reflexão. Sou prova viva da diversão que este time trazia para o colégio. É bom viver a vida com menos ambição e mais compromisso com nossos desejos essenciais!
    Bjoca. Cris

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  2. Adorei! Quanta filosofia :-)
    Eu espero que você tenha transferido um pouco do seu QI para a minha afilhada,
    Beijos
    Da

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  3. Dá,
    Antigamente eu atribuia esses momentos de filosofia ao cansaço dos plantões... Bom agora é apenas filosofia... rs
    Bjos

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